ACONTECE ONLINE, DE 13 A 16 DE SETEMBRO, SEMPRE ÀS 11H, NA PLATAFORMA brasilcinemundi.com.br
As quatro mesas que integram o Ciclo de Debates ” Desafios do Audiovisual na Era da Economia de Dados” discutem a nova fase da produção audiovisual diante de grandes empresa de mídia e serão transmitidas online com presença de cineastas, pesquisadores, distribuidores e produtores nacionais e internacionais
Alguns dias antes do início da 16a CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte, a programação do Brasil CineMundi – 13o International Coproduction Meeting, que acontece durante a Mostra, conta com uma iniciativa inédita: o ciclo de debates “Desafios do Audiovisual na Era da Economia de Dados”, composto por quatro mesas e a presença de profissionais nacionais e internacionais. Os painéis vão ser realizados entre os dias 13 e 16 de setembro (semana que antecede a CineBH e o Brasil CineMundi) e transmitidos pelo site www.brasilcinemundi.com.br sempre às 11h, ao vivo. A organização foi de Pedro Tinen, Lia Bahia e Pedro Butcher.
A partir de um relatório do Film i Vast, fundo de coprodução regional dos países da Escandinávia, constatou-se, nos últimos dez anos, as condições de produção, distribuição e exibição/visualização de imagens em movimento sofreram alterações profundas, enquanto as formas de fomento e proteção do setor continuam estruturadas segundo paradigmas do “velho mundo”, organizado em torno da exploração de diferentes janelas de mídia (TV paga, Vod, TV aberta) e ancorado nas salas de cinema. A maior alteração do “novo mundo audiovisual” foi a ascensão do streaming e a forma como as grandes companhias passaram a lidar com isso. Entre as mudanças operacionais, as empresas globais que até alguns anos atrás distribuíam mundialmente conteúdo audiovisual predominantemente americano passaram a financiar e/ou encomendar produções locais em outras regiões do mundo.
“Estamos percebendo que as formas de fazer e circular filmes (e todos os seus desdobramentos e extensões) se modificaram profundamente nos últimos anos, especialmente com a pandemia, mas a própria organização do ‘mercado’ e as formas de proteção e fomento ao setor ainda estão sustentados em paradigmas em plena transformação”, destaca Pedro Butcher, colaborador do Brasil CineMundi. “A questão central desse ciclo de debates é tentar entender as transformações que o cinema e o audiovisual estão atravessando a partir da entrada em cena das companhias da era da economia de dados e da economia da atenção, que se fortaleceram com a banda larga e a Internet 2.0”.
O que Butcher diz encontra amparo no próprio relatório do Film i Vast: “A liberdade criativa e artística é mais frequentemente restringida do que no ‘velho mundo’. O conteúdo local é atraente, mas a maioria dos ‘pedidos originais’ busca uma expressão genérica e narrativa. (…) As produtoras locais são frequentemente transformadas em prestadoras de serviços, na maior parte das vezes sem direitos de propriedade intelectual das obras”.
Entre as questões a serem levantadas no ciclo de debates, estão: de que maneira as políticas públicas e regulatórias devem se reestruturar para promover e garantir a democratização da produção e circulação do audiovisual, além de preservar as expressões nacionais em suas multiplicidades e as empresas de produção independentes? Como repensar os direitos das obras audiovisuais por território/nação? Como estimular as salas de cinema como espaços centrais de experiências compartilhadas e como possibilidade de consumo e apreciação de uma obra audiovisual? Como pensar a questão do trabalho audiovisual na era da abundância digital e diante da nova organização da economia?
PRESENÇAS E TEMAS
Além de nomes reconhecidos do mercado audiovisual brasileiro, o ciclo de debates “Desafios do Audiovisual na Era da Economia de Dados” conta com convidados estrangeiros que vêm compartilhar experiências e conhecimentos. No debate 1, sobre regulação no ambiente de streaming, o encontro tem a presença de Tomas Eskilsson, autor do relatório e CEO do fundo sueco Film i Vast, que já financiou aproximadamente 775 longas-metragens nos países da Escandinávia desde 1992 – entre eles, trabalhos de grande repercussão, como “Dançando no Escuro” (Lars Von Trier, 2000), “A Caça” (Thomas Vinterberg, 2012), “A Pior Pessoa do Mundo” (Joachim Trier, 2021) e o mais recente ganhador da Palma de Ouro em Cannes “Triangle of Sadness” (Ruben Ostlund, 2022). O relatório que serviu de base para o Ciclo de Debates aqui proposto foi editado por Eskilsson.
Na mesa em que participa, Eskilsson vai tratar de como repensar a regulação para o setor audiovisual no atual cenário mundial de forma a buscar um equilíbrio mínimo de forças e a sustentabilidade da produção independente. Com ele estarão Ana Camila Esteves (pesquisadora, BA) e Marina Rodrigues (produtora executiva com foco em políticas públicas, RJ).
No debate 3, o alemão radicado na Itália Markus Duffner será um dos convidados. Ele vai falar sobre as tendências dos festivais e das salas de cinema independentes pelo mundo diante de tantas transformações (por conta da cultura do streaming, em especial) e sobre como pensar as relações entre a difusão comercial e a promoção cultural. Duffner trabalha para o Festival de Locarno desde 2014. Em 2020, fundou e ainda gerencia a plataforma Heritage Online, dedicada a difundir filmes clássicos e autorais por streaming, assim como a Spamflix, também coordenada por ele. Junto com Duffner estarão debatendo o assunto Márcia Vaz, programadora de cinema do Instituto Moreira Salles (SP), e Tatiana Leite, produtora da Bubbles Project (RJ).
Os outros dois debates contam exclusivamente com brasileiros. O debate 2 tem Flávia Gonzaga (gerente de investimentos e parcerias estratégicas da Spcine, SP), Silvana Meireles (gestora cultural da Fundação Joaquim Nabuco, PE) e Thiago Macêdo (produtor da Filmes de Plástico, MG) para falar sobre novos modelos de produção e circulação criados a partir do crescimento dos serviços de streaming e de que forma eles podem impor desafios inéditos nos processos de produção.
Já o debate 4 reúne Adirley Queirós (cineasta, DF), Fernanda Lomba (produtora audiovisual e diretora executiva do NICHO 54, SP) e Julia Duarte (coordenadora no São Paulo Locarno Industry Academy, SP) para tratar de questões ligadas ao trabalho no setor audiovisual, desde a produção, distribuição e exibição (incluindo programação e processos de curadoria). A conversa deve falar sobre os constantes riscos e instabilidades de quem atua profissionalmente no setor.
CONFIRA A PROGRAMAÇÃO DO CICLO DE DEBATES
TEMA GERAL: “DESAFIOS DO AUDIOVISUAL NA ERA DA ECONOMIA DE DADOS”
13 DE SETEMBRO, TERÇA, ÀS 11H
Debate 1
Tema: A REGULAÇÃO AUDIOVISUAL NO AMBIENTE DO STREAMING
O crescimento dos serviços de streaming tem provocado desdobramentos em toda a cadeia produtiva audiovisual e fortes abalos nos modelos tradicionais de produção e circulação das obras. Ainda que se trate de um processo em pleno curso, a consolidação dos canais de streaming como players de grande força traz implicações para modelos de financiamento, metodologias de medição de audiência, lógicas de retorno financeiro e até mesmo no conteúdo e na forma das obras audiovisuais. Da mesma forma, a visibilidade dos produtos, para além das ações de marketing tradicionais, passou a depender das interfaces das plataformas e dos algoritmos. Diante desse cenário, como repensar a regulação para o setor audiovisual de forma a buscar um equilíbrio mínimo de forças e a sustentabilidade da produção independente?
Convidados:
- Ana Camila Esteves – Pesquisadora | BA
- Marina Rodrigues – Produtora executiva com foco em políticas públicas para o audiovisual latino | RJ
- Tomas Eskilsson – Head of Film i Väst Analysis | Suécia
Mediador: Pedro Butcher – Colaborador do Brasil CineMundi | RJ
14 DE SETEMBRO, QUARTA, ÀS 11H
Debate 2
Tema: POLÍTICAS PÚBLICAS DE FOMENTO AUDIOVISUAL NO PANORAMA CONTEMPORÂNEO
A entrada de sujeitos históricos até então praticamente ausentes no espaço audiovisual brasileiro, a partir dos anos 2000, gerou transformações nas disputas discursivas, produtivas e simbólicas pelo direito a se fazer e pensar cinema no país. Com valores e interesses divergentes e muitas vezes antagônicos dos agentes tradicionais, esses novos atores passaram a tensionar a direção das políticas públicas para o cinema. Historicamente inseridas na busca pela industrialização e com foco no produto – em seu sentido mais tradicional –, as políticas para o audiovisual demandam um novo olhar. Ao mesmo tempo, de que forma os novos modelos de produção e circulação a partir do crescimento dos serviços de streaming podem criar novas barreiras de entrada e apresentar novos desafios nesse processo? Que modelo de fomento queremos?
Convidados:
- Flávia Gonzaga – Gerente de Investimentos e Parcerias Estratégicas da Spcine | SP
- Silvana Meireles – Gestora cultural da Fundação Joaquim Nabuco | PE
- Thiago Macêdo – Produtor da Filmes de Plástico | MG
Mediadora: Lia Bahia – Professora e pesquisadora do departamento de cinema e vídeo da UFF | RJ
15 DE SETEMBRO, QUINTA, ÀS 11H
Debate 3
Tema: DOS FESTIVAIS ÀS SALAS: OS ESPAÇOS DE CIRCULAÇÃO DO CINEMA NA ERA DO STREAMING
Diante do avanço do streaming como espaço de circulação do audiovisual, dois movimentos simultâneos transformam a paisagem da circulação dos filmes independentes, de arte ou de autor. A “festivalização” das salas de arte, que contam com uma programação cada vez mais próximas dos cineclubes e mostras, e a “museificação” dos festivais, que se aproximam dos espaços dedicados às artes plásticas e audiovisuais, mobilizam os espaços da espectatorialidade coletiva e reposicionam práticas como a curadoria, programação e a distribuição. Quais são as tendências dos festivais e das salas de cinema independentes diante dessas transformações, e como pensar as relações entre a difusão comercial e a promoção cultural?
Convidados:
- Márcia Vaz – Programadora de cinema Instituto Moreira Salles | SP
- Markus Duffner – Head of Locarno Pro | Suíça
- Tatiana Leite – Produtora da Bubbles Project | RJ
Mediador: Pedro Tinen – Programador e Pesquisador | Alemanha
16 DE SETEMBRO, SEXTA, ÀS 11H
Debate 4
Tema: TRABALHO DO SETOR AUDIOVISUAL NA ERA DA ECONOMIA DE DADOS
As questões ligadas ao trabalho no setor audiovisual sempre foram marcadas por uma alta instabilidade e complexidade. Trata-se de um campo atravessado pelo risco em vários sentidos – seja por sua temporalidade e instabilidade específicas, pela intermitência da atividade, e pelas demandas da velocidade de produção e modelos de fomento. A ideia deste painel é trazer uma questão raramente posta em cena nas discussões do setor audiovisual, observando as transformações em curso e todo o conjunto da atividade: da produção, distribuição e exibição (incluindo programação e processos de curadoria).
Convidados:
- Adirley Queirós – Cineasta | DF
- Fernanda Lomba – Produtora Audiovisual e Diretora Executiva do NICHO 54 | SP
- Julia Duarte – Coordenadora no São Paulo Locarno Industry Academy | SP
Mediador: Pedro Tinen – Programador e Pesquisador | Alemanha
TODA PROGRAMAÇÃO É OFERECIDA GRATUITAMENTE AO PÚBLICO
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Acompanhe o programa Cinema Sem Fronteiras 2022.
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SERVIÇO
16a CINEBH – MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE BELO HORIZONTE
13º BRASIL CINEMUNDI – INTERNACIONAL COPRODUCTION MEETING
20 a 25 de setembro de 2022
CICLO DE DEBATES | 13º BRASIL CINEMUNDI
13 a 16 de setembro, sempre às 11h
pelo site brasilcinemundi.com.br
LEI FEDERAL DE INCENTIVO À CULTURA
ESTE EVENTO É REALIZADO COM RECURSOS DA LEI MUNICIPAL DE INCENTIVO À CULTURA DE BELO HORIZONTE
Patrocínio: ITAÚ,MATER DEI, CEMIG
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